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11/02/2016
Emergência Global


Verdades e avanços sobre o controle da epidemia de Zika vírus

Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que a epidemia de Zika é uma emergência global. 
 
Confira entrevista com o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa sobre o assunto
 
A epidemia de Zika vírus assusta a população do país e do mundo. Diante dessa preocupação, muitos boatos e informações falsas circulam na internet e em áudios e vídeos do Whatsapp, gerando pânico. O médico Alexandre Naime Barbosa, membro titular da Sociedade Brasileira de Infectologia, fala sobre o que os especialistas já sabem sobre a doença e quais precauções a população deve ter ao receber informações sobre o problema.
 
HCFMB: O que se sabe até agora sobre a transmissão do vírus? 
 
Alexandre Naime Barbosa: A única forma de transmissão que atualmente tem importância epidemiológica, ou seja, que pode se alastrar, é causada pelo mosquito Aedes sp. Outros possíveis mosquitos transmissores, como o Culex sp (pernilongo comum) ainda estão sob verificação em estudos. As transmissões sexuais, por transfusão sanguínea e perinatal (de mãe-filho) já foram comprovadas, mas não se sabe qual o impacto desses modos de transmissão na epidemia atual. Pode ser irrelevante ou não, então devemos aguardar com cautela os estudos em andamento.
 
O Zika vírus já foi encontrado em sua forma ativa em saliva e urina, mas não ficou determinado se esse fato é suficiente para afirmar que existe transmissão através desses meios. O resultado do estudo conduzido pela Fiocruz concluiu que essa nova evidência indica a necessidade de investigar a relevância dessas vias alternativas de transmissão viral.
 
HCFMB: Como é o ciclo da doença e quais são os grupos de risco?
 
Barbosa: O ciclo da doença é bem simples: o Aedes pica uma pessoa com o vírus no sangue e esse vírus se reproduz no mosquito, indo de volta para seu aparelho sugador, onde é expelido na próxima picada para outra pessoa. Em adultos e crianças saudáveis, a infecção pelo Zika é benigna, causando vermelhidão na pele (exantema), febre baixa, dores no corpo e dor nas articulações. Mas em dois principais grupos de risco essa infecção pode trazer graves consequências. São eles: as gestantes e as pessoas com imunossupressão (diminuição da resposta imunológica) ou comorbidades (quando são diagnosticadas duas doenças simultâneas em um paciente).
 
O problema com as gestantes é que há uma forte associação geográfica, epidemiológica e temporal (coexistência) entre a infecção pelo Zika vírus na gestante e a microcefalia no feto. É altamente provável que os dois problemas estejam relacionados e alguns estudos recentes mostram danos graves e irreversíveis ao cérebro desses fetos. Estudos mais conclusivos estão sendo conduzidos para confirmar definitivamente a associação da infecção pelo Zika na gestação e a microcefalia. Já entre as pessoas com imunossupressão ou comorbidades, três óbitos em adultos por infecção pelo Zika vírus foram relatados. Esses pacientes tinham alguns problemas de saúde pré-existentes e o sistema imune debilitado pode ter contribuído para agravar o quadro.
 
HCFMB: Estamos no meio de uma epidemia de Zika?
 
Barbosa: Estamos dentro de uma complexa epidemia, que envolve três vírus: Zika, Dengue e Chicungunya e que tem como figura central um só problema: a incompetência do poder público e da população em eliminar o Aedes.
 
Esse mosquito entrou no Brasil com os colonizadores e depois de muita luta foi possível eliminá-lo de nosso país em 1955. Mas, infelizmente, devido à falta de cuidados no controle dos focos de procriação, ele voltou no final da década de 1960, causando várias epidemias de dengue desde então. Além da dengue, o Aedes também tem o potencial de transmissão da Febre Amarela, mas essa é uma situação mais rara.
 
HCFMB: Quais são as principais instituições que estão estudando sobre o Zika que podem fornecer informações verídicas e atualizadas sobre o assunto?
 
Barbosa: Desde que a Organização Mundial de Saúde declarou, em 1º de fevereiro, a epidemia de Zika como uma emergência global, existe uma força tarefa estudando o assunto. Governos, Universidades e Institutos de Pesquisa do mundo todo estão se unindo, formando redes de colaboração para estudar vários aspectos: impacto na população, mecanismos de agressão e defesa, tratamento e vacinas. No Brasil, a Fiocruz se destaca como principal agregadora desses grupos.
 
HCFMB: Então estão tentando criar uma vacina contra o Zika vírus?
 
Barbosa: Sim, há pelo menos três grandes iniciativas paralelas buscando viabilizar uma vacina, mas todos esses estudos estão em fase inicial. Não há como predizer um prazo, mas cinco anos é um espaço de tempo seguro para que tenhamos ideia se uma vacina é eficaz e/ou viável. Nesse sentido, hoje, 11 de fevereiro de 2016, será anunciada uma parceria entre o Brasil e a Universidade do Texas para a produção de uma vacina.
 
HCFMB: Qual é a sua opinião sobre as pessoas compartilharem áudios e informações sem embasamento, via internet, sobre esse problema?
 
Barbosa: Vivemos uma época de muitas incertezas, pois o Zika vírus é um inimigo novo, com poucos estudos científicos concluídos e deve-se ter cuidado com pessoas mal-intencionadas que querem propagar o pânico por meio de teorias da conspiração diversas. Sugiro que as pessoas sigam os seguintes passos ao se deparar com uma notícia suspeita sobre Zika vírus:
 
1. Não compartilhe a notícia de imediato, pois você pode estar colaborando com um boato falso e propagando mentiras, o que pode causar malefícios a outras pessoas, ao Brasil e ao mundo.
 
2. Cheque as referências de quem está dando a notícia. Pessoas mal-intencionadas criam posts, áudios e imagens falsas e divulgam como se fossem pessoas conhecidas (Jô Soares, Pedro Bial, etc.). Vale lembrar que nenhum órgão oficial ou pessoa pública faz anúncio por áudios em aplicativos de bate-papo, justamente por ser difícil reconhecer a autoria. Confie somente em publicações hospedadas em sites de instituições ou jornais de credibilidade.
 
3. Se você está preocupado com o boato, procure nas redes sociais perfis de especialistas ou de instituições oficiais que geralmente se posicionam rapidamente esclarecendo notícias falsas e publicando apenas o que está cientificamente comprovado, como, por exemplo, Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde de cada estado. Também deixo o meu site a disposição da população para a consulta, pois divulgo conteúdos atualizados sobre essa epidemia e outras doenças. O endereço é www.drbarbosa.org.
 
Assessoria/ 4toques comunicação



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