Saúde não é só remédio. Por Érick Facioli e Cátia Fonseca
Em uma primeira análise tem-se a impressão que revolver as questões relacionadas à saúde estão diretamente ligadas ao atendimento médico e ao fornecimento de medicamentos. Ou seja, tendo médico e remédio o problema está resolvido, mas isto não é suficiente.
Reconhecemos que médico e remédio são extremamente importantes para a garantia do atendimento a população, especialmente para o Pronto Atendimento. Sabemos que é preciso melhorar o atendimento no Pronto Socorro Municipal e garantir o fornecimento continuo dos medicamentos essenciais para a população.
Incluímos no nosso programa a implantação de um Programa de Pronto Atendimento Odontológico, com dentistas 24 horas, inclusive nos finais de semana. Entendemos que qualquer tipo de dor gera sofrimento e isto deve ser cuidado pelo poder público.
Sabemos que tudo isso é importante e vamos trabalhar para avançar nesses pontos. Porém, quando se pensa de uma forma mais ampla, entendendo saúde como a ausência de doença, e que é influenciada por muitos fatores, temos ampliar nossas ações. Não dá para ficar prescrevendo somente remédio para pressão alta se não trabalharmos a causa da doença. Temos de conhecer o ambiente em que vive essa pessoa, saber o que ela faz para se divertir, se está se exercitando, como é sua alimentação e como está a sua saúde mental. Esse cidadão precisa ser acompanhado por uma equipe multiprofissional para que sejam tratadas as causas da hipertensão.
Pensando no tratamento integral, temos de desenvolver atividades preventivas e de promoção da saúde, considerando o cidadão como um todo, ampliando a cobertura e integralidade do cuidado na Atenção Básica em Saúde, com ações integradas e programas de saúde para todas as idades, respeitando
as questões de gênero, de raça e etnia. É importante promover o desenvolvimento social, com foco no lazer, esporte, cultura e no meio ambiente, tão precioso para todos.
Para isso, é necessário o aprimoramento da atenção básica, a ampliação progressiva do Saúde da Família (ESF) para regiões da cidade que ainda tem esse serviço, bem como aumentar o número de equipes e de agentes comunitários. Sabemos ainda que para garantir um atendimento de qualidade, será necessário ampliar o espaço físico de algumas das Unidades de Saúde.
Programas de saúde para a primeira infância, para as mulheres, para os idosos, para as doenças crônicas mais comuns como hipertensão e diabetes e de saúde bucal são vitais para a população e devem ser prioridade. Temos convicção que parcerias com os setores que já atuam de forma efetiva e eficaz na saúde, propiciarão melhorias importantes e fundamentais da saúde da população de Botucatu.
E não podemos negligenciar a saúde do trabalhador, incluindo os trabalhadores rurais e, na área da Saúde, promover a capacitação permanente da equipe e o cuidado com os trabalhadores da saúde, para que possam também ter a sua saúde respeitada e atuar de forma a auxiliar a população nas suas necessidades.
É urgente expandirmos a retaguarda de apoio multiprofissional à Atenção Básica (NASF), particularmente nas áreas de saúde mental e reabilitação física. Propomos ainda a criação do CAPS infantil (Centro de Atenção Psicossocial para atendimento a crianças com sofrimento mental grave), atuando de forma articulada com os serviços de atenção infantil do município e ampliando sua capacidade de atendimento e atuação.
Outra necessidade importante do município a ser enfrentada em parceria com o governo Estadual, incluindo o Hospital das Clinicas (HC) é criação de uma enfermaria pediátrica de nível secundário e também a maternidade e o berçário de baixo risco, deixando mais espaço para que o HC possa então continuar atendendo de forma exemplar os casos de maior complexidade.
Assim, entendemos que a saúde é também um instrumento, através de ações integradas, para a promoção do desenvolvimento humano e social.
Érick Facioli
Jornalista, pós-graduado em Gestão de Cidades e mestrando em Saúde Coletiva
Cátia Fonseca
Médica pediatra, mestre e doutora em Pediatria, professora e coordenadora do programa de Residência Médica em Pediatria da FMB.