Por Mário Sergio Rodrigues
Representantes de mais de 190 países se encontrarão em Paris no próximo dezembro para tentar costurar um novo acordo sobre emissões de gases causadores de mudanças climáticas. O acordo atual termina em 2010 e os governos devem estabelecer metas para, no mínimo, a próxima década.
O problema é que já fomos alertados pela ciência que se o acúmulo de gases causadores do efeito estufa continuar crescendo, nós ultrapassaremos o limite além do qual os efeitos do aquecimento global serão catastróficos e irreversíveis. Esse limite é estimado num aumento de dois graus na temperatura média global acima das médias pré revolução industrial e nós já estamos prevendo um aumento de cinco graus na média global. Para termos uma ideia do que isso significa, basta imaginar que nós temos hoje cinco graus a mais do que na média da última glaciação.
Apesar dos acordos anteriores e de uma aparente diminuição na taxa de aumento da temperatura média global, o fato é que a temperatura continua crescendo e tem mostrado uma aceleração consistente nos últimos dois anos.
A dificuldade de chegar-se a um acordo é a disputa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre quem deve pagar a conta do processo de adaptação e de adoção de alternativas tecnológicas para a redução de emissões. Os países em desenvolvimento argumentam que os países ricos, que já se beneficiaram do desenvolvimento econômico com poluição, devem pagar pelo desenvolvimento sustentável dos países mais pobres. Embora um fundo de U$ 30 bilhões para financiar os países em desenvolvimento tenha sido estabelecido em 2009 no encontro de Copenhagen, com previsão de chegar a U$ 100 bilhões/ano até 2020, os países pobres demandam que esse fundo seja mantido e ampliado após 2020. Os governos dos países ricos querem que o grosso desse fundo venha dos bancos de desenvolvimento e da iniciativa privada
Mario Sergio Rodrigues, Engenheiro Agrônomo, PhD, gestor da Área de Proteção Ambiental do Rio Batalha (APA Rio Batalha).