Por Berenice Balsalobre
A preservação e a conservação do meio ambiente não são questão secundária e muito menos bandeira de pessoas que defendem posições radicais ambientalistas, os chamados “ecochatos”. Defender o meio ambiente é questão de sobrevivência de nosso planeta e de qualidade de vida para todos os seus habitantes. É também uma questão financeira, pois os danos ambientais causados por alguns, sejam autoridades públicas ou não, será suportado por toda a população, quando as conseqüências tiverem que ser reparadas, com o dinheiro público que todos nós, pagadores de impostos. O lucro é pessoal e a conta é pública.
Este é o caso concreto do Condomínio Jatobás, construído em área de fragilidade geológica. A Construtora Pacaembu e a Prefeitura Municipal foram negligentes com os estudos de impacto ambiental, de geotécnica, desrespeitaram uma quantidade enorme de pesquisas e cuidados. O Dano Ambiental é imenso. O Prefeito João Cury, em audiência na Câmara Municipal, falou em estudos para as obras de recuperação, e foi dito alguns valores como 500/600 mil reais, para arcar com essas obras, e nós, cidadãos botucatuenses, quitaremos uma parte dessa fatura. Penso que o Ministério Público deve apurar a responsabilidade dos culpados, inclusive com crime de responsabilidade.Cito sempre o Jatobás como o paradigma negativo.
E agora, temos esse “ Rally da Cuesta Off Road” - essa estupidez infinita, cegueira total e absoluta, irresponsabilidade sem limites, monstruosidade com o patrimônio geológico de nosso planeta - a Cuesta. Que idéia criminosa! E para quem não conhece, esta infração ambiental, divulgada como grande ação esportiva, acontece na Cuesta, atrás do Ginásio Municipal de Esportes, em um circuito traçado que destruiu duas nascentes, alguns olhos dágua, um banhado, compactou parte do solo, iniciou um processo de erosão, entre outros. Ação que compromete área de recarga do Aquífero Guarani.
Como é possível o Prefeito João Cury apoiar esta barbaridade. E cadê o Secretário de Meio Ambiente? Este é o projeto do Secretário de Turismo? Precisamos de turismo sustentável e não depredatório. A empresa que promove este evento lucra destruindo a Cuesta e com o apoio do Executivo; nada mais errado. E quando o dano ambiental ficar grave, a erosão aumentar, novamente nós, todos os cidadãos de Botucatu, pagaremos a fatura. A Geodiversidade deve ser a referência criteriosa para as ações ambientais, turísticas, culturais. Ação preventiva e não reparatória.
Existe uma denúncia formalizada na Promotoria de Meio Ambiente, com relação a esta atividade depredatória da Cuesta e aguardemos que a Promotora tome as providências necessárias para apurar este evento, especialmente com a abertura do Inquérito Civil.
Recentemente foi noticiada um off Road na região do Polo Cuesta, que compreende 13 cidades em áreas de Cuesta; informação que gerou preocupação. Uma empresa da cidade ganhou a concorrência para desenvolver essa trilha. Muita atenção nos desdobramentos futuros.
Berenice Balsalobre é Advogada e ambientalista