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OPINIÃO
27/07/2016
A erosão da nossa cultura. Por Berenice Balsalobre


A necessidade de sermos nós mesmos e pensarmos como sujeitos históricos, lugar de partida, destino de um sonho, como diz Mia Couto, nos leva a uma nova atitude onde deve florescer pensamentos produtivos, que sejam ousados e inovadores. E as vezes esbarramos no pensamento contrário, e essa diversidade de pensamento, que pode a  riqueza da saudável troca de diálogo, e expõe  o pensamento vivo e dinâmico, tem sido combatido de forma intolerante e   incompreensível neste país de brasileiro cordial

Devemos estimular novas atitudes para enfrentarmos a vida, sermos capazes de recriarmos sempre e sempre este mundo em que vivemos, para que a pobreza de espírito não nos atropele e engula.O pensamento diversificado, criativo, honesto, estimulado pela moralidade ética, que pode ser aprendido na  escola, na família, nos exemplos públicos. Os  tempos atuais  exige criatividade. A Escola é um dos pilares onde estes valores civilizatórios podem ser ensinados e aprendidos.

Remando contra este pensamento esta um movimento chamado Escola sem Partido, que inspirou Projetos de Lei na Câmara e no Senado Federal, que nascem sob o manto da inconstitucionalidade, assim declarado pela Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos do Ministério Público Federal. Diz o parecer da procuradora Deborah Duprat que “ sob o pretexto de defender princípios como a "neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado", bem como o "pluralismo de idéias no ambiente acadêmico", coloca o professor "sob constante vigilância, principalmente para evitar que afronte as convicções morais dos pais". "O PL subverte a atual ordem constitucional, por inúmeras razões: confunde a educação escolar com aquela que é fornecida pelos pais, e, com isso, os espaços público e privado. “Impede o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, nega a liberdade de cátedra e a possibilidade ampla de aprendizagem e contraria o princípio da laicidade do Estado – todos esses direitos previstos na Constituição de 88”.

A liberdade de expressão tem sido atacada de tantas maneiras, mas esta proposta de mudança nas diretrizes e bases da Educação é a súmula da visão conservadora e reacionária. O professor é  um educador e não apenas o transmissor de conhecimento. Os jovens  chegam à Escola com opiniões próprias, com algum grau de conhecimento  acumulado.  Os alunos não são massa de manobra e folhas em branco. Este Projeto quer impor uma lei da mordaça aos professores. Aos alunos, a conseqüência será o rebaixamento de sua capacidade criativa e pensante. Sob um regime de supressão da liberdade de cátedra quem perde em primeiro lugar são os educandos e no futuro próximo toda a nação. A cultura de um povo, passa necessariamente pela sua boa, diversificada  e livre formação educacional e cultural.

O processo erosivo na natureza acontece devagar, de forma  imperceptível, mas no entanto,  constante. E o dano,  quando se percebe, pode ser irreversível.. Assim acontece com  a  educação e a cultura de um país. E este movimento, que não dialoga com os professores, é  uma erosão na  cultura e na educação do país, se renunciarmos à formação de jovens,  sujeitos históricos e cidadão por um  mundo melhor.

 

Berenice  Balsalobre é Advogada e Ecologista




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